Durante
essa disciplina conversamos um pouco sobre as características dos alunos de
hoje quanto à utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e
sobre como o professor necessita de uma formação que contemple alguns desses
aspectos.
Encerrando
o trabalho que desenvolvemos vamos falar hoje de algumas práticas possíveis,
mas não sem antes refletir sobre a universalidade, a quebra das perspectivas de
espaço e de tempo que as TIC proporcionam.
Iniciando a nossa
aula
Vamos começar com a leitura de um texto. Ele foi
escrito pela Profª Lynn Alves no final da década de 90, portanto há
mais de vinte anos, mas mostra a importância do impacto das TIC na Educação. O
texto se intitula “Novas Tecnologias: instrumento, ferramenta ou elementos
estruturantes de um novo pensar?” e pode ser acessado em http://www.lynn.pro.br/admin/files/lyn_artigo/ee46d136c2.pdf.
Desenvolvendo o
assunto... algumas práticas possíveis
Para
respeitar o tempo previsto para nossa aula, da multiplicidade de aplicações
práticas das TIC à Educação escolhemos três possibilidades, com o objetivo de
estimular você a conhecê-las mais um pouco.
1ª) Softwares
educativos
Buscando
traduzir o terno software pela junção de soft + ware, pode-se inferir que
software une o conceito de “leve”, “macio” com o conceito de “artigo”, “produto”.
A tradução literal: “artigo leve”. Por isso, a palavra software, assim com a
palavra hardware não possui tradução para o português.
Softwares
são programas de
computador, um conjunto de instruções ordenadas que são entendidas e executadas
pelo computador. Dentre as diversas ferramentas que auxiliam os educandos no
processo de aprendizagem
tem-se o computador como
um grande aliado. O computador, representando as diversas ferramentas da
informática e os softwares educativos usados na educação,
torna-se progressivamente mais importante na capacitação e aperfeiçoamento de
alunos, professores e das próprias instituições de ensino.
Os softwares
podem ser considerados programas educacionais a partir do momento em sejam
projetados por meio de uma metodologia que os contextualizem no processo
ensino-aprendizagem. Desse modo, mesmo um software detalhadamente pensado para
mediar a aprendizagem pode deixar a desejar se a metodologia do professor não
for adequada ou adaptada a situações específicas de aprendizagem.
Quando se desenvolve um software educacional para
apoio ao processo de aprendizagem uma das importantes etapas da produção é
definir a concepção pedagógica daqueles que estão envolvidos no seu
desenvolvimento e implementação.
É
importante saber que, paralelamente a um lucrativo mercado de produção e venda
de softwares (software proprietário), há o Software Livre
O termo software livre corresponde a programas
de computador que oferecem liberdade ao usuário, no sentido de poder executar,
distribuir, modificar e repassar as alterações. O indivíduo tem a liberdade
de alterar o código fonte do sistema operacional, ajustando-o e aperfeiçoando-o
de acordo com suas necessidades. Esse sistema é desenvolvido por uma comunidade
constituída de colaboradores que desejam partilhar informações e aprimorá-lo,
evidenciando sua característica de “colaboração”. Surgiu através das ideias e
projetos propostos por Richard Stallman.
2ª) Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA)
Conhecidos como AVA os Ambientes Virtuais de
Aprendizagem, vem tomando cada vez maior espeço no cenário educacional
brasileiro. Segundo Messa (2010):
Em
termos conceituais, os AVAs consistem em mídias que utilizam o ciberespaço para
veicular conteúdos e permitir interação entre os atores do processo educativo
(PEREIRA, 2007, p.4). Dessa forma, a qualidade do processo educativo depende do
envolvimento do aprendiz, da proposta pedagógica, dos materiais veiculados, da
estrutura e qualidade de professores, tutores, monitores e equipe técnica,
assim como das ferramentas e recursos tecnológicos utilizados no ambiente.
Em
consonância com essa evolução e realidade educacional, e na tentativa de alinhar
as produções de materiais didáticos que servissem como referenciais para as mais
variadas ofertas de cursos na modalidade em educação a distância, o Ministério da
Educação (2007), conceitua Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) como:
(...)
programas que permitem o armazenamento, a administração e a disponibilização de
conteúdos no formato Web. Dentre esses, destacam-se: aulas virtuais, objetos de
aprendizagem, simuladores, fóruns, salas de bate-papo, conexões a materiais
externos, atividades interativas, tarefas virtuais (webquest), modeladores,
animações, textos colaborativos (wiki).
Pode-se
dizer que Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) consiste em uma excelente
opção de mídia que está sendo utilizada para mediar o processo ensino - aprendizagem
a distância. Segundo MCKIMM, JOLLIE e CANTILLON (2003 apud PEREIRA 2007, p. 6):
(...)
consiste em um conjunto de ferramentas eletrônicas voltadas ao processo
ensino-aprendizagem. Os principais componentes incluem sistemas que podem
organizar conteúdos, acompanhar atividades e, fornecer ao estudante suporte
on-line e comunicação eletrônica.
Segundo Haguenauer:
É
notável que o avanço tecnológico possibilitou uma nova realidade educacional: o
ensino mediado por computador. A inserção do computador na educação provoca uma
mudança de comportamento dos participantes do processo ensino - aprendizagem.
Um de seus efeitos é o aumento crescente da quantidade de informação disponível
e acessível aos alunos e professores. Paralelamente, surge a possibilidade de
contato remoto entre os participantes do processo através da comunicação pela
Internet. Desta forma, a sala de aula perde gradativamente suas fronteiras de
tempo e espaço.
Esse
novo ambiente de aprendizagem favorece também a reflexão e a reformulação das
metodologias de ensino praticadas nas escolas e nas universidades.
O
ambiente virtual propicia o resgate de uma postura mais ativa e menos passiva
dos alunos. O professor também é afetado por estas mudanças, deixando de ser o
centro do processo - detentor de todo o conhecimento – para transformar-se em
um mediador das atividades de aprendizagem. Nessa nova realidade, o ensino
tende a tornar-se mais individualizado, adaptando-se aos diferentes perfis
psicológicos, formas de aprender e comportamentos dos diferentes alunos. O
estudo adquire maior flexibilidade, podendo ser realizado de acordo com a
disponibilidade de tempo do aluno e no local mais adequado.
O
professor também precisa adaptar-se à nova tecnologia e ao seu novo papel na
sala de aula virtual. Como essa é uma mudança brusca nos paradigmas do ensino
tradicional, a opção pela modalidade semi-presencial atende às dificuldades de
difusão e absorção de novas tecnologias, além de permitir um custo mais
acessível do que nos programas de ensino totalmente a distância. Esse formato
de transição (semi-presencial) não entra em choque com o modelo tradicional,
apenas incorpora elementos novos ao modelo com que professores e alunos estão
acostumados, facilitando a introdução das novas tecnologias.
O
desenvolvimento de materiais didáticos para uso em Ambientes Virtuais de
Aprendizagem exige conhecimentos de diversos campos, como informática,
programação visual, psicologia da aprendizagem e o conteúdo específico a ser
ensinado, o que pressupõe a existência de uma equipe transdisciplinar. Esse
novo formato de trabalho leva o professor a uma reformulação de suas práticas e
métodos de ensino, de forma a obter uma mudança de qualidade significativa no
processo ensino - aprendizagem.
Um
dos AVAs mais utilizados hoje em dia é o
O Moodle é um software gratuito e há vários
tutoriais em vídeo no YouTube ensinando
como criar aulas e utilizar as ferramentas do AVA.
Segundo
Nardin, Fruet e Bastos (2009, p.4):
(...) o Moodle possui
características construcionista, pois, permite diálogos e ações (diário de
bordo, lição, tarefas e exercícios) e potencializa a colaboração através de
ferramentas como a wiki que possibilita a composição colaborativa, a
interatuação, a formação para a coparticipação ou coautoria. Constitui-se,
ainda, comunicacional tendo em vista as ferramentas de comunicação assíncronas:
mensagens e fóruns que criam possibilidades interacionais e potencializam o
diálogo problematizador em torno de uma temática específica; e síncronas através
do chat, que propicia a problematização através da associação com
materiais bibliográficos e problematização mediante a definição de questões
orientadoras. Possui também característica informacional, apresentando
agendamento das atividades mediante Calendário, Notícias e Mural, e potencial
Investigativo, o qual permite construir, realizar e disponibilizar pesquisas de
Avaliação de forma a orientar a interação e potencializar a reflexão em torno
da aprendizagem de um determinado conceito educacional. As tarefas consistem na
descrição das atividades de estudo (Alberti e De Bastos, 2008) que serão
desenvolvidas pelos estudantes e podem contemplar o envio em formato digital de
redações, imagens, solução de problemas, projetos, possibilitando ainda o desenvolvimento
de tarefas extraclasse.
3ª) Blog educativo
A terceira
escolha se prende ao fato de utilizarmos essa prática no desenvolvimento da
nossa disciplina.
Embora
não disponha da variedade de ferramentas de interação que um AVA oferece, o
Blog ainda pode ser bastante utilizado como estratégia didática.
De
acordo com Almeida (2012, p. 181):
Trata-se de uma página da
internet usada com características de diário, que pode ser comentada por pessoas
em geral ou grupos específicos. Sua estrutura é bastante simples de se criar e manter,
ou seja, pode ser criado pelos próprios alunos.
Em comparação com um site
comum, o blog oferece uma maior variedade de interação, pois permite atualização
rápida de conteúdos a partir da inserção dos chamados posts, que são textos ou
informações que podem ser comentadas por seus usuários. Normalmente os
comentários ficam centrados nos tópicos sugeridos por quem gerencia a página e,
nele, é visualmente mais fácil ir incluindo novos temas de discussão com
frequência para serem comentados. Geralmente os blogs têm políticas de acesso e
publicação, por exemplo, podem ser escritos por uma ou um número variável de
pessoas, podem ser organizados de forma cronológica inversa, dependendo de sua
temática entre outras opções e para participar o usuário deve respeitar as
regras determinadas pelo gerenciador.
Os textos produzidos a partir
do movimento interativo da comunicação, como é o caso dos blogs, possuem
características próprias, mas que podem variar conforme as suas condições de
produção, recepção e circulação. A linguagem, o conteúdo e a imagem projetada
dependem do perfil de seus usuários, assim, a produção de sentidos ocorre de
acordo com a produção e reprodução de textos, mantendo a língua em funcionamento.
Quase sempre os textos produzidos nos blogs são curtos, claros, diretos e bem
articulados, podendo ou não utilizar outros recursos que não sejam verbais. Em
alguns casos, pode-se perceber o uso de argumentos ou imagens que transmitam legitimidade
ao assunto.
É
importante destacar, no entanto, que um blog criado com objetivos educativos
tem características próprias, peculiares e bem diferentes dos Blogs destinado a
outras finalidades.
Alguns
Blogs educativos:
Encerrando
a aula...
Esperamos que você tenha gostado da aula
de hoje e encerramos com uma citação de
Esperamos que
você tenha gostado da aula de hoje e encerramos com uma citação de Postman e Weingarter: “o conhecimento não está
nos livros à espera de que alguém venha aprendê-lo; o conhecimento é produzido
em resposta a perguntas; todo novo conhecimento resulta de novas perguntas,
muitas vezes novas perguntas sobre velhas perguntas” (1969, p.23).
Referências Bibliográficas
NARDIN, FRUET e BARROS. Potencialidades
tecnológicas e educacionais em ambiente virtual de ensino-aprendizagem livre. Revista RENOTE Novas Tecnologias na Educação.
V 7, n,3, dezembro 2009. Disponível em
Postman, Neil & Weingartner, Charles. Teaching as a subversive activity. New York: Dell Publishing Co,
1969.