domingo, 28 de abril de 2013


SEMANA DE 06 A 10 DE MAIO

TÓPICO 3

BANDURA E A IMPORTÂNCIA DA APRENDIZAGEM SOCIAL

Um pouco da biografia do teórico




Albert Bandura nasceu em 04/12/1925 na cidadezinha de Mundare ao norte de Alberta, no Canadá. Estudou em uma escola do ensino fundamental e ensino médio de poucos recursos. Depois trabalhou durante um verão preenchendo buracos sobre o Alaska Higway em Yukou. Formou-se em bacharel em Psicologia pela Universidade da Colúmbia Inglesa em 1949, e recebeu o título de doutor pela Universidade do Estado de Iowa, em 1952, onde foi influenciado pela tradição do behaviorismo e pela teoria da aprendizagem. Começou a ensinar a Universidade de Stanford em 1953, e com a ajuda de um dos seus primeiros alunos formados, Richard Walters, escreveu seu primeiro livro "Adolescent Aggression", em 1959. Entretanto, Walters morreu jovem em um acidente de carro. A partir dos anos 60, ele propôs uma versão do comportamentalismo inicialmente definida como Teoria da Aprendizagem Social, mas depois denominada Teoria Social Cognitiva. O professor Bandura foi presidente da associação Americana de Psicologia em 1974 e recebeu desta o prêmio por Ilustres Contribuições Científicas em 1980. Ele entrou para a Universidade de Stanford em 1953, onde trabalha até os dias de hoje.


Principais conceitos da Teoria

1O modelo triádico
A perspectiva da Teoria Social Cognitiva afirma a existência de uma interação recíproca entre sujeito (fatores pessoais – cognições e afetos), circunstâncias ou variáveis do meio e ações ou comportamento. As pessoas interferem na percepção do ambiente, geram auto estímulos e incentivos, avaliam os acontecimentos e exercem influência sobre o próprio comportamento, ou seja, “[...] o comportamento é determinado a partir da interação continua e reciproca entre as influências ambientais, pessoais e comportamentais: o modelo triádico” (BANDURA et al, 2008, p. 151).



Os autores destacam que “a influência relativa que esses três conjuntos de fatores interconectados exercem varia em diferentes indivíduos e sob diferentes circunstâncias” (BANDURA, 1978 apud BANDURA et al, 2008, p.46).
Segundo o próprio Bandura:
As pessoas nem são dirigidas por forças internas nem automaticamente moldadas e controladas pelos estímulos internos. O funcionamento humano é preferencialmente explicado em termos de um modelo de reciprocidade triádica no qual o comportamento, os fatores pessoais e cognitivos e os eventos ambientais, todos (sem distinção) atuam como determinantes interagindo com o outro. (Bandura, 1986, p. 18).



2. As capacidades básicas do ser humano

A teoria social cognitiva descreve o homem como um ser proativo, agente da própria historia, não apenas espectador, “os agentes não são apenas planejadores e prognosticadores, mas também são auto reguladores, isto é, auto investigadores do seu funcionamento” (BANDURA et al, 2008, p.150).

Nessa perspectiva teórica o individuo possui certas capacidades que o auxiliam a direcionar a vida e fazer escolhas. Em função dessas capacidades básicas, o homem “possui um sistema auto referente que lhe possibilita agir intencionalmente em direção a fins específicos, elaborar planos de ação, antecipar resultados, avaliar e replanejar cursos de ação” (BANDURA, 2001 apud AZZI &POLYDORO, 2006, p. 17).

Quais são essas capacidades?

  •  Capacidade de simbolização 
Esta capacidade habilita as pessoas a interpretarem suas experiências e desempenhos e atribuírem significado a estes. Segundo Bandura o pensamento humano é um poderoso instrumento para compreender o ambiente e atuar sobre ele.


  • Capacidade de antecipação

Parte do comportamento humano é dirigido para objetivos e metas direcionados ao futuro, por antecipação das prováveis consequências das ações futuras.
Essa “tirinha” do grande cartunista Maurício de Souza ilustra bem essa capacidade.




  • Capacidade vicariante


Esta capacidade habilita as pessoas a aprenderem através da observação de comportamentos de outras pessoas e das consequências desses comportamentos para elas.

  •  Capacidade de auto regulação

Segundo Bandura as pessoas não se comportam somente para satisfazer as preferências de outros. Ao contrário, muitos comportamentos são motivados e regulados por padrões internos e reações auto avaliativas das próprias ações.



  •   Capacidade de auto reflexão

A capacidade auto reflexiva envolve principalmente as crenças que as pessoas têm a respeito de si mesmas, proporcionando uma organização das auto percepções.
Aqui podemos incluir o que Bandura chamou de crenças de auto eficácia: “julgamentos das pessoas em suas capacidades para organizar e executar cursos de ação necessários para alcançar certos tipos de desempenho” (BANDURA, 1986, p. 391). Através desta percepção o indivíduo escolhe os desafios que deseja enfrentar na vida, o esforço que irá investir e quanto irá perseverar ao encontrar obstáculos e fracassos.
As percepções de auto eficácia influem na forma como os seres humanos empregam o conhecimento e as habilidades que possuem. Elas exercem influência na forma como eles pensam, se motivam e se comportam.
Resumindo o efeito das capacidades que citamos podemos afirmar, como Bandura:
Em síntese, as crenças de eficácia desempenham um papel central na auto regulação não só porque afetam as ações diretamente, mas também devido ao impacto nos determinantes cognitivos, motivacionais e afetivos (Bandura, 2001). As crenças de eficácia pessoal influenciam quais padrões de auto regulação a pessoa adota, o tipo de escolhas diante das decisões que surgem no decorrer da vida, e o nível de esforço a ser investido em determinada meta, de persistência diante de dificuldades, de resiliência diante da adversidade, de vulnerabilidade ao estresse e de depressão, (BANDURA et al, 2008, p. 158).


3. A aprendizagem para Bandura


Ocorre principalmente através de três processos:
  •     Por desenvolvimento.
  •     Por condicionamento.
  •     Por conduta instrumental (observação e imitação ou modelagem).









Para o autor, muito do que aprendemos ocorre no contexto social, através da observação e imitação de modelos. Chama a esse processo APRENDIZAGEM SOCIAL OU OBSERVACIONAL OU POR MODELAGEM.
Há quatro componentes envolvidos na aprendizagem através de modelos:
(1)  Atenção
(2)  Retenção
(3)  Reprodução motora
(4)  Motivação (Reforço)

Condições que possibilitam a aprendizagem por observação / imitação.




Características
Efeitos sobre a modelagem
n   Do modelo
Prestígio, status, competência.
Idade e sexo.
n   Do observador         
Idade e nível intelectual.
Sexo, características emocionais, traços de personalidade.
Expectativas de resultados.
Auto eficácia.
n   Da conduta do modelo
As consequências da conduta do modelo fornecem “pistas” ao observador, quanto à adequação do comportamento e aos prováveis resultados.




Assistam agora ao vídeo disponível em http://www.youtube.com/watch?v=quqkR_LlQ5U.

Ele  ilustra bem esse tipo de aprendizagem. Reflitam um pouco sobre as atitudes aprendidas por modelagem que vocês viram no vídeo e sobre a importância do papel dos adultos (pais, professores) na formação da personalidade das crianças e adolescentes.
Na Teoria Social Cognitiva o professor tem como função apresentar um modelo que pode ser real ou simbólico. Ele deve criar ou propor um modelo que mostre, com evidência, as pistas de modelação (os comportamentos específicos). Este modelo proposto deve ser codificado ou ser simbolicamente representado para facilitar a memorização do aluno. O professor pode premiar, punir, motivar ou incentivar o comportamento do aluno.





4. A famosa experiência de Bandura sobre a aprendizagem do comportamento agressivo por modelagem

Bandura desenvolveu experimentos que hoje são considerados clássicos. Um deles foi realizado com três grupos de crianças em idade pré-escolar e que consistia na observação de um filme em que um adulto agressivo atuava ao vivo, golpeando um boneco “João Bobo” (alguns conhecem esse brinquedo como João Teimoso). O final de cada filme era diferente. No primeiro, o adulto era recompensado. No segundo, era punido e no terceiro, não sofria nenhuma consequência.




Depois, as crianças foram colocadas em uma sala onde podiam ser observadas sem perceberem. Na sala havia diferentes brinquedos, dentre eles o João Bobo. Bandura observou que o grupo que viu o adulto sendo recompensado tendia a repetir com maior frequência as agressões, se comparado aos dois últimos grupos.

Resumindo, os resultados da pesquisa demonstraram que se um agressor em um filme é punido pelos seus atos há uma inibição de comportamento agressivo de quem assiste, mesmo se o comportamento tivesse sido aprendido. Por outro lado, quando o agressor observado não é punido, ou ainda, é recompensado, as inibições contra a agressão diminuem e o observador tende a atacar (conforme aprendeu com o modelo) um alvo disponível.
Bandura comprovou, assim, que o juízo que fazemos de certos comportamentos é determinante para resposta a determinados estímulos, provocando a aprendizagem.
O experimento pode ser visto no vídeo disponível emhttp://www.youtube.com/watch?v=-SvwAVr4cvk.



 5. Concluindo a nossa aula... Bandura e a mediação das TIC na aprendizagem




Embora Albert Bandura não tenha se dedicado a pesquisas na área, seus conceitos teóricos são bastante importantes para nós.
Convidamos vocês a uma rápida releitura do que foi dito até agora na aula e a uma tentativa de estabelecer a relação proposta no início deste tópico: os conceitos teóricos de Bandura e a aplicação de mediação das Tecnologias de Informação e Comunicação aos processos de ensino e de aprendizagem.
Para completar a sua reflexão vamos apresentar três pontos de importante convergência entre os conceitos enunciados pro Bandura e o desenvolvimento da educação com mediação tecnológica.
*      A mediação tecnológica permite o oferecimento de condições de simulação de situações reais que não seriam possíveis no formato presencial. Por exemplo, os alunos podem visitar virtualmente um museu ao qual normalmente não teriam acesso. Isso permite a criação de condições bastante satisfatórias para que ocorra a aprendizagem por observação.
*      Há possibilidade de oferecimento ampliado reforço a cada acerto ou resposta correta que o aluno dá, fortalecendo o processo motivacional destacado por Bandura como essencial para a aprendizagem.
*      A educação com recurso à mediação das TIC promove o desenvolvimento da autonomia no processo de aprendizagem, tão almejado pelos professores.
*      Através desse modelo são estimuladas capacidades humanas que o autor destaca em sua obra, como a simbolização, a antecipação e a auto reflexão.
*      Favorece ao professor fortalecer a capacidade vicariante, através da observação do resultado do comportamento de outras pessoas, em situações que não seriam possíveis presencialmente (a aprendizagem de atitudes como a segurança, a preservação do meio ambiente, o cuidado com os animais, por exemplo).
*      Finalmente, facilita o desenvolvimento da auto eficácia tão destacada pelo autor e de forte efeito motivacional, levando o aluno a, nas palavras do próprio Albert Bandura, que escreveu o verbete do tema na Encyclopedia of human behavior. 

A auto eficácia percebida é definida como a opinião da pessoa sobre suas capacidades em produzir níveis de desempenho designados que exercem influência sobre os eventos que afetam suas vidas. Crenças de auto eficácia determinam como as pessoas sentem, pensam, motivam-se e comportam-se. Tais crenças produzem efeitos diversos por meio de quatro processos principais: cognitivos, motivacionais, afetivos e processos de seleção.
Um forte senso de eficácia reforça a realização humana e o bem estar pessoal de várias maneiras. Pessoas com elevada confiança em sua capacidade abordam tarefas difíceis como desafios a serem superados ao invés de ameaças a serem evitadas. Tal perspectiva eficaz promove o interesse intrínseco e a dedicação profunda nas atividades. Essas pessoas se impõem objetivos desafiantes e mantêm forte compromisso com os mesmos. Elas aumentam e sustentam seus esforços nos fracassos. Recuperam rapidamente seu senso de eficácia após insucessos ou revezes. Atribuem a falha ao esforço insuficiente ou ao conhecimento e habilidades deficientes, os quais são adquiríveis. Abordam situações de ameaça com confiança de que podem exercer o controle sobre elas. Tal abordagem eficaz produz realizações pessoais, reduz o estresse e diminui a vulnerabilidade à depressão.
De forma oposta, pessoas que duvidam suas capacidades ficam intimidadas diante de tarefas difíceis que veem como ameaças pessoais. Têm baixas aspirações e um fraco compromisso aos objetivos que escolhem levar a cabo. Quando confrontados com tarefas difíceis, ocupam-se com suas deficiências pessoais, com os obstáculos encontrarão, e todos os tipos de resultados adversos ao invés de se concentrarem em como desempenhar sua tarefa com sucesso. Afrouxam seus esforços e desistem rapidamente face às dificuldades. São lentos em recuperar seu senso de eficácia após um fracasso ou revés. Como veem o desempenho insuficiente como aptidão deficiente, não é preciso muito fracasso para que percam a fé em suas capacidades. Caem facilmente como vítimas do estresse e da depressão. (BANDURA, 1994, p. 71).

Ao falarmos em auto eficácia e nas demais capacidades humanas descritas por Bandura, nunca é demais lembrar Paulo Freire:




Referências bibliográficas
AZZI, R. G.; POLYDORO, S.A.J. (Orgs). Auto eficácia em diferentes contextos. São Paulo: Editora Alínea, 2006.
BANDURA, A. Social foundations of thought and action: a social cognitive theory. Englewood Cliffs, NJ; Prentice Hall, 1986.
BANDURA, A. Self-efficacy. In V. S. Ramachaudran (Ed.), Encyclopedia of human behavior. Vol. 4, 1994, p. 71-81. Disponível em http://www.uky.edu/~eushe2/Bandura/Bandura1994EHB.pdf,
BANDURA, A. et al. Teoria Social Cognitiva: Conceitos básicos. Porto Alegre: ARTMED, 2008.










sábado, 20 de abril de 2013



SEMANA DE 22 A 26 DE ABRIL

TÓPICO 2

TIC e aprendizagem – abordagem conceitual.

Nesta aula vamos focalizar alguns aspectos conceituais do uso educacional das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), tendo como foco a atuação docente. Ela completa a aula anterior, em que tivemos como foco os alunos nativos digitais.
Partimos exatamente da pergunta feita naquele momento:
O que fazer para educar...



                                                     ???


Vamos pensar no educador que encontra uma criança ou adolescente nativo digital, com todas as características que vimos na aula anterior.

Brincando de fazer um teste...


Em 2007 (observem há quantos anos!!!) a Revista Época publicou uma matéria cujo título era “Os filhos da Era Digital”. No início a revista propunha um teste: "Descubra se você está mais para nativo ou imigrante digital".

Nunca é demais lembrar que esse tipo de teste é apenas uma brincadeira, nada tem a ver com testes psicológicos.


Alguns conceitos importantes no uso das TIC na Educação

  

   1)   Aprendizagem colaborativa

Aprendizagem colaborativa pode ser definida como o processo de construção do conhecimento decorrente da participação, do envolvimento e da contribuição ativa dos alunos na aprendizagem uns dos outros. Neste sentido, aprender colaborativamente consiste em um processo complexo de atividades sociais que é impulsionado por interações mediadas por várias relações (VYGOTSKY, 1998).
O autor alerta que as aprendizagens ocorridas a partir do trabalho colaborativo e coletivo oferecem vantagens não encontradas em ambientes de aprendizagem individualizada. Vygotsky admite que as constantes trocas e interações feitas entre as pessoas ajudam a pautar comportamentos e pensamentos e a dar significados às coisas e às pessoas. Nesse sentido, a aprendizagem ocorre a partir da interação e da colaboração entre os sujeitos que fazem parte do processo pedagógico. As tecnologias, por sua vez, são os instrumentos mediadores da relação pedagógica que se estabelece entre os sujeitos e os ajudam a promover o desenvolvimento das funções psicológicas superiores (consciência, intenção, ação deliberada, planejamento, decisão etc.).
Segundo Torres e Amaral (2011) o uso das TIC em ambientes de aprendizagem concebidos na abordagem construtivista pode favorecer a aprendizagem colaborativa, especialmente se abrigar um processo comunicacional interativo, dinâmico e bilateral.



O quadro abaixo compara o processo didático tradicional e a aprendizagem colaborativa. É uma boa ilustração para esse conceito.


Continuando a utilizar mapas conceituais, como fizemos na primeira aula, este tem como conceito gerador a aprendizagem colaborativa:




2)   Autonomia






 A utilização das TIC como mediação nos processos de ensino e de aprendizagem, longe de produzir solidão, pode promover autonomia cognitiva.
O aluno é incentivado a desenvolver a autonomia para garantir a condução e efetivação de sua aprendizagem, pois não tem o acompanhamento docente presencial e direto o tempo todo. A construção do material didático, a estruturação dos ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs), a escolha e utilização das ferramentas de ensino e de aprendizagem, o conhecimento mais aprofundado da turma, avaliações planejadas e continuadas e feedbacks constituem fatores fundamentais ao desenvolvimento da disciplina, ajudando a estimular a atitude autônoma e pesquisadora dos aprendentes.



2)   Interação




Não vamos mergulhar na polêmica distinção entre os termos interação e interatividade, famosa na área de estudos da educação com mediação das TIC, mas focar o processo de interação e a sua importância como conceito fundamental desta área. Ela é essencial para que a educação mediada por TIC seja efetivada em seus objetivos.
As relações que envolvem o homem acontecem a partir da interação. Ela é o processo que leva o indivíduo a reconhecer alguém diferente de si mesmo no processo de construção do conhecimento sobre a realidade, da visão de mundo.
Vygotsky é uma referência importante ao conceituarmos interação. O autor dá ênfase à dialética entre o indivíduo e a sociedade, o intenso efeito da interação social, da linguagem e da cultura sobre o processo de aprendizagem (interiorização do conhecimento através da transformação dos conceitos espontâneos em conceitos científicos).
Para Vygotsky (FRAWLEY, 2000, p. 91):
A criança nasce em um mundo preestruturado. A influência do grupo sobre a criança começa muito antes do nascimento, tanto nas circunstância implícitas, históricas e socioculturais herdadas pelos indivíduos como nos preparos explícitos, físicos e sociais mais óbvios que os grupos fazem antecipando o indivíduo. Tudo isso exerce sua força até mesmo em tarefas cotidianas simples que requerem o gerenciamento e o emprego da ação individual. (p. 91).

Thompson (1998, p. 80) fala em três tipos de interação e apresenta a tabela abaixo:
Características Interativas
Interação face a face
Interação mediada
Interação quase mediada [1]
Espaço-tempo
Contexto de co-presença; sistema referencial espaço-temporal comum.
Separação dos contextos; disponibilidade estendida no tempo e no espaço.
Separação dos contextos; disponibilidade estendida no tempo e no espaço.
Possibilidade de deixas simbólicas
Multiplicidade de deixas simbólicas [2]
Limitação das possibilidades de deixas simbólicas
Limitação das possibilidades de deixas simbólicas
Orientação da atividade
Orientada para outros específicos
Orientada para outros específicos
Orientada para um número indefinido de receptores potenciais
Dialógica ou Monológica?
Dialógica
Dialógica
Monológica




[1] Na interação quase mediada não há disponibilidade do envio de mensagens, a modificação e a reorientação do fluxo da mensagem são restritas. Como exemplo, temos a televisão.


[2] Uma deixa simbólica é uma informação não falada que acompanha a mensagem principal. São trejeitos emitidos pelo sujeito. Por exemplo, uma pessoa pode responder que sim a uma pergunta, mas dando a entender que na realidade a resposta é não, através do rosto, dos olhos, dos lábios. Essa linguagem não verbal constitui um conjunto de “deixas simbólicas” que acompanham a mensagem, dando-lhe ênfase ou contradizendo-a.

 Lemos (2002) identifica três níveis de interação que não são excludentes entre si:
1. interação social ou simplesmente interação entre os homens, que é necessária para formar sociedade;
2. interação analógico-mecânica, que permite uma interação com a máquina, como os carros, por exemplo; e
3. interação eletrônico-digital, que possibilita ao usuário interagir não apenas com o objeto (a máquina ou a ferramenta), mas com a informação, o conteúdo, diferentemente dos media tradicionais.
No terceiro caso, como ocorre na educação com mediação das TIC, a tecnologia digital proporciona uma dupla ruptura - no modo de conceber a informação (baseado em processos microeletrônicos) e na maneira de difundir as informações (modelo “Todos-Todos”), que promove uma nova “qualidade” de interação.


Primo (2003) define interação como uma “ação entre” os participantes do encontro. Assim, o foco de análise está centrado na relação estabelecida entre os interagentes, e não nas partes que compõem o sistema global. Para tanto, são definidos dois tipos de interação mediada por computador, segundo uma abordagem sistêmico-relacional, e que podem ocorrer simultaneamente: a interação mútua, na qual os interagentes reúnem-se em torno de contínuas problematizações, existindo modificações recíprocas dos interagentes durante o processo; e interação reativa, que depende da previsibilidade e da automatização nas trocas baseadas em relações potenciais de estímulo-resposta por pelo menos um dos envolvidos na interação.
Um resumo das ideias de Primo sobre interação pode ser lido na apresentação que se encontra em  http://www.slideshare.net/agner/o-conceito-de-interao


Concluindo a nossa aula...

Ficou claro, então, que o professor que ensina nativos digitais precisa, além de conhecer as características dos mesmos, estar apto a trabalhar com a aprendizagem colaborativa, o desenvolvimento da autonomia e a promoção da interação, todos com apoio da mediação tecnológica.


Mas uma pergunta é oportuna...

O PROFESSOR ESTÁ SENDO PREPARADO PARA ISSO?

Os docentes vivem os dilemas e desafios de um tempo de transição: foram formados na cultura oralista e presencial, acostumados a olhar o outro e interagir no mesmo meio físico de forma síncrona. Segundo Prensky (2001), os professores que atuam na escola e possuem mais de vinte anos são imigrantes no ciberespaço. Ou seja, nasceram em outro meio e aprenderam a construir conhecimento de forma diferente do que esta geração denominada de “nativos” faz.
O docente imigrante digital vive a contradição de ser formado para dominar as formas de produzir e consumir conhecimento utilizando as tecnologias da oratória e de lápis e papel e ser desafiado a organizar situações de aprendizagem utilizando o ferramental digital.
Defendemos a posição de que há necessidade de uma sólida base de pesquisa e desenvolvimento de suporte teórico que leve à profunda reflexão sobre os cursos de formação de educadores e sobre construção práxica que permita ao professor aplicar à prática docente as teorias que aprende na sua formação.
Segundo Peluso (1998, p. 163):
Somos habituados a ensinar estilos padronizados e generalizados de resolução de problemas. O computador premia a criatividade, a divergência, exercita a criança para tentar caminhos diversos. É possível resolver o mesmo problema, chegar ao mesmo resultado segundo percursos alternativos aos habitualmente adotados.

Essa discussão transcende a questão do equipamento das escolas, mas aponta para uma revisão dos saberes docentes necessários ao trabalho com os alunos que hoje encontramos.
Para Giraffa (1999, p.25), “novas metodologias quem faz é o professor e não o computador, logo, capacitar o professor a entender e aplicar a tecnologia na sua prática docente é fundamental".
Para adensar essa reflexão e imediatamente antes do próximo tópico, que focalizará alguns conceitos teóricos de Albert Bandura, sugerimos a leitura do texto TECNOLOGIAS DIGITAIS E AÇÕES DE APRENDIZAGEM DOS NATIVOS DIGITAIS, apresentado em 2010 no Congresso Internacional de Filosofia e Educação, disponível em http://www.ucs.br/ucs/tplcinfe/eventos/cinfe/artigos/artigos/arquivos/eixo_tematico7/TECNOLOGIAS%20DIGITAIS%20E%20ACOES%20DE%20APRENDIZAGEM%20DOS%20NATIVOS%20DIGITAIS.pdf.

Para complementar a leitura sugerimos o vídeo "(Re)Pensar a escola com as TIC", disponível em http://www.youtube.com/watch?v=LgtZMqYDxX8.
A

Esperamos que tenham gostado da aula de hoje.



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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DA AULA
FRAWLEY, W. Vygotsky e a Ciência Cognitiva: Linguagem e Integração das mentes Social e Computacional. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
GIRAFFA, Lúcia Maria. Uma Arquitetura de Tutor Utilizando Estados Mentais. Tese (Doutorado em Ciência da Computação) - Instituto de Informática, UFRGS, Porto Alegre, 1999.
LEMOS, A. Cibercultura, tecnologia e vida social na cultura contemporânea. Porto
Alegre: Sulina, 2002.
PELUSO, Ângelo. Informática e afetividade: a evolução tecnológica condicionará
nossos sentimentos. Bauru: Editora Edusc, 1998.
PRENSKY, M. Digital Natives, Digital Immigrants. MCB University Press, 2001.
PRIMO, A. F. T. Interação mediada por computador: a comunicação e a educação a distância segundo uma perspectiva sistêmico-relacional. 2003. Tese (doutorado em Informática da Educação). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Disponível em PDF na biblioteca on-line da UFRGS pelo endereço www.bibliotecadigital.ufrgs.br/da.php?nrb=000449573&loc=2005&l=568e019f14c343fc.
THOMPSON, John B. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. Petrópolis: Vozes, 1998.
TORRES, T. Z.  e AMARAL, S. F. Aprendizagem Colaborativa e Web 2.0:  proposta de modelo de organização de  conteúdos interativos. Revista ETD – Educação Temática Digital. Campinas, v.12, n.esp., p.49-72, mar. 2011. Disponível em http://educa.fcc.org.br/pdf/etd/v12n03/v12n03a06.pdf
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo, SP: Martins Fontes, 1998.