domingo, 12 de maio de 2013




SEMANA DE 13 A 17 DE MAIO


TÓPICO 4

Ausubel e o conceito de aprendizagem significativa.


"Se eu tivesse de reduzir toda a psicologia educacional a um único princípio, diria isto: o fator singular mais importante que influencia a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já conhece. Descubra o que ele sabe e baseie nisso os seus ensinamentos". (AUSUBEL, 1980)




Caro aluno,
Na aula anterior estudamos alguns conceitos relativos à aprendizagem formulados por Albert Bandura. Vimos como a observação de modelos e a imitação são importantes para ele.
Na aula de hoje vamos abordar outro teórico, David Ausubel, que investiga e descreve o processo de cognição segundo uma perspectiva construtivista. Essa teoria ficou conhecida como Teoria da Aprendizagem Significativa (TAS). 

Um pouco da biografia do teórico



No fim do século XIX e começo do século XX, os movimentos migratórios judaicos tomaram uma nova direção, a da América. Juntavam-se milhões que deixavam uma Europa empobrecida e dilacerada pelos conflitos, em busca de uma nova vida. A maior parte ia para os Estados Unidos. David Paul Ausubel nasceu nos Estados Unidos, em 1918. Formou-se médico-cirurgião, psiquiatra e psicólogo educacional, e demonstrava extremo interesse pelo estudo da aprendizagem e da educação.
Descreveu criticamente as experiências de castigos e humilhações que viven­ciou na escola e posicionou-se radicalmente contrário à educação tradicional e conservadora.
Em um de seus mais conhecidos livros, Ausubel (1978, p. 31) descreveu algumas experiências escolares de punição e humilhação:
Escandalizou-se (um professor) com um palavrão que eu, patife de seis anos, empreguei certo dia. Com sabão de lixívia lavou-me a boca. Submeti-me. Fiquei de pé num canto o dia inteiro, para servir de escarmento a uma classe de cinquenta meninos assusta­dos. (...) A escola é um cárcere para meninos. O crime de todos é a pouca idade e por isso os carcereiros lhes dão castigos.

Após sua formação acadêmica, em território canadense resolve dedicar-se à educação no intuito de buscar as melhorias necessárias ao verdadeiro aprendizado. Totalmente contra a aprendizagem puramente mecânica, torna-se um representante do cognitivismo, e propõe uma aprendizagem que tenha uma "estrutura cognitivista", de modo a intensificar a aprendizagem como um processo de armazenamento de informações que, ao agrupar-se à estrutura mental do indivíduo, seja manipulada e utilizada adequadamente no futuro, através da organização e integração dos conteúdos apreendidos significativamente.
Influenciado por Piaget, desenvolveu uma teoria da aprendizagem humana em sala de aula, em uma época em que o estudo da aprendizagem escolar acontecia a partir de leis e pesquisas realizadas em laboratórios.
Pesquisou a aprendizagem de caráter cognitivo: a integração dos novos con­teúdos às estruturas cognitivas previamente existentes no sujeito. Defendia a abolição da aprendizagem repetitiva e baseada em memorização.
Em 1973, retirou-se da vida acadêmica e dedicou-se exclusivamente à clínica psiquiátrica. Suas publicações mais recentes têm como tema a adicção a drogas e as manifestações psicopatológicas da personalidade (neuroses, psicoses).

Principais conceitos da Teoria

1.Aprendizagem significativa

A teoria de Ausubel busca explicar como ocorre a aprendizagem de um conjunto organizado de conhecimentos no ambiente escolar.
É a partir de conteúdos que o indivíduo já possui que a aprendi­zagem ocorre. Estes conteúdos prévios deverão receber novos conteúdos que, por sua vez, poderão modificar e dar outras significações àqueles preexistentes. Nas palavras do próprio Ausubel (apud MOREIRA e MASINI, 1982, p. 8), “(...) o fator isolado mais importante influen­ciando a aprendizagem é aquilo que o aluno já sabe; determine isso e ensine-o de acordo”.
O autor fala de três tipos de aprendizagem:
  • por recepção - nela o conteúdo a ser aprendido é apresentado ao aluno na sua forma final. O professor simplesmente apre­senta ao aluno a generalização do que é o conteúdo e exige que ele aprenda e se recorde dele. 





  •    por descoberta – nela o conteúdo a ser aprendido deve ser descoberto pelo aluno. A tarefa para ele é reorganizar um conjunto de informações e integrá-lo ao conhecimento que já possui para produzir um novo conceito ou proposição.





  •  significativa – nela o aluno a relaciona o novo conhecimento com a estrutura cognitiva que possui e formula a generalização do mesmo.

Moreira e Masini (1982) afirmam que, para que a aprendizagem significativa ocorra, são necessárias duas condições:
a) O aluno precisa ter motivação para aprender: se o indivíduo apenas memorizar o conteúdo, arbitrária e literalmente, a aprendizagem será mecânica.
b) O conteúdo escolar a ser aprendido tem de ser lógica e psicolo­gicamente significativo: o significado lógico depende somente da natureza do conteúdo, e o significado psicológico é uma experi­ência que cada indivíduo tem, que depende de suas experiências e da motivação.


Aprender significativamente traz para o indivíduo três grandes vantagens:
  • O conhecimento adquirido de maneira significativa é retido e lembrado por mais tempo.
  • A aprendizagem significativa aumenta a capacidade de aprender outros conteúdos de uma maneira mais fácil, ainda que haja o esquecimento do conteúdo original.
  • Ela facilita a aprendizagem seguinte (reaprendizagem).

Segundo Ausubel et al. (1980, p. 159):
O aprendizado significativo acontece quando uma informação nova é adquirida mediante um esforço deliberado por parte do aprendiz em ligar a informação nova com conceitos ou proposi­ções relevantes preexistentes em sua estrutura cognitiva.

     2. Princípios da aprendizagem significativa
São dois os princípios, segundo Ausubel:
1º) Diferenciação progressiva: este princípio propõe que, na progra­mação de um conteúdo, as ideias e os conceitos devem ser preferencialmente trabalhados em uma ordem crescente de especificidade, dos mais gerais para os mais específicos.

2º) Reconciliação integrativa: este princípio propõe que, na apresentação de um conteúdo, o professor procure tornar claras as semelhanças e diferenças entre ideias, quando estas são encontradas em vários contextos. 


3. Tipos de aprendizagem significativa
Ausubel fala de três tipos de aprendizagem significativa:
a. Aprendizagem de representações: consiste na aprendizagem de símbolos, em geral palavras, ou o que eles representam.
Exemplo: Depois de observar várias vezes a relação entre a palavra “copo” e o conteúdo cognitivo (imagem visual do objeto), a apresen­tação apenas da palavra será capaz de provocar na criança a imagem visual do copo. Isto permitirá que ela desenhe o objeto, ou que escreva a palavra que o designa.
b. Aprendizagem de proposições: refere-se não mais à aprendi­zagem de um símbolo, mas de uma relação entre ideias. A proposição ou sentença a ser aprendida é relacionada com as ideias já existentes na estrutura cognitiva.
Exemplo: Realizada a aprendizagem representacional de copo, a criança vai aprender que este objeto pode ser feito de materiais diversos; que uns são mais resistentes do que outros; que há variações de valor/preço, de acordo com os diferentes materiais.
c. Aprendizagem de conceitos: Ausubel distingue dois tipos principais de aquisição de conceitos: a formação de conceitos (própria da criança de 5 a 6 anos, é uma aprendizagem por descoberta na qual int4. ervêm processos psicológicos como a discriminação, a generalização, o levantamento e a comprovação de hipóteses) e a assimilação de concei­tos (própria de crianças a partir de 6 ou 7 anos, dos adolescentes e dos adultos, que aprendem novos significados conceituais quando lhes são apresentados atributos dos conceitos e quando relacionam estes atributos com ideias já estabelecidas em suas estruturas cognitivas).
 O esquema abaixo mostra a relação entre os três tipos de aprendizagem significativa descritos por Ausubel:



4.  Os conceitos subsunçores – a importância dos organizadores prévios na aprendizagem



    Já dissemos que, para Ausubel, um conhecimento torna-se sig­nificativo pela interação com
   alguns conhecimentos prévios relevantes, que já existem na mente de quem aprende. Nesse
  processo, há conceitos, chamados subsunçores, rele­vantes e já existentes na estrutura     
ccognitiva do indivíduo, e que facilitam a apren­dizagem de novos conceitos. Eles os        
   modificam e podem ser por eles modificados.
  A ligação entre os subsunçores e o novo conhecimento é feita pelos chamados de
o organizadores prévios. São materiais intro­dutórios apresentados antes do material a ser           
a aprendido. Têm a fun­ção de servir de ponte entre o que o indiví­duo já sabe e o que ele 
  deve saber, para que o material possa ser aprendido de forma significativa. Facilitam a
   aprendizagem por­que funcionam como “pontes cognitivas”.

   No decorrer da aprendizagem significativa, os conceitos sub­sunçores modificam-se e 
d desenvolvem-se, tornando-se cada vez mais diferenciados, proporcionando refinamento
   conceptual, ideias densas e fortalecimento das possibilidades de aprendizagens
   significativas.   Para Ausubel et al. (1980, p. 34):
      (...) a essência do processo de aprendizagem significativa é que as idéias expressas simbolicamente são 
  relacionadas às informações previamente adquiridas pelo aluno através de uma relação não-arbitrária e 
 substantiva (não-literal). Esta relação significa que as idéias são relacionadas a algum aspecto relevante 
  existente na estrutura cognitiva do aluno, como, por exemplo, uma imagem, um símbolo, um conceito, uma 
   proposição, já significativo.

   O organizador prévio é, portanto, um material introdutório que é apresentado ao estudante 
  antes do conteúdo que vai ser aprendido. Con­siste em informações amplas e genéricas, e 
 pode assumir uma variedade de formas: uma afirmação, um parágrafo descritivo, um 
 questionário, uma pergunta, uma demonstração ou um filme. Pode ser uma sentença ou uma
  unidade que precede outra unidade dentro do programa de uma disciplina.
  A principal função do organizador é estabelecer uma ponte cog­nitiva entre o que o aluno já
  sabe e aquilo que ele precisa saber, para que possa aprender com sucesso a nova tarefa.
  O autor usa a metáfora da “ancoragem”: é como se os novos conhecimentos lançassem uma “ âncora” e se firmassem em conhecimentos prévios, tornando-se assim mais facilmente 
   aprendidos.


           5.   Formas de aprendizagem significativa


        a) Aprendizagem subordinada (principal): novas ideias são subordinadas às ideias relevantes,
 d     e maior nível de abstração, generalidade e inclusividade já existentes (relação entre o que
 se    aprende e o que já se sabe).
Exemplo:


b) Aprendizagem superordenada: o novo conhecimento a ser aprendido é mais geral que as ideias relevantes que o indivíduo já possui (relação entre o que já se sabe e o conceito novo que se aprende).
     Exemplo:




     c) Aprendizagem combinatória: a nova informação não é suficien­temente ampla para 
  absorver os subsunçores, mas também é muito abrangente para ser absorvida por eles. Há
  uma combinação de conceitos dando origem a novos esquemas mentais.


   6. A mediação em Ausubel – algumas aplicações educacionais da teoria





   Destacamos, para a formação do professor, a importância do conhecimento dos conceitos 
  de estrutura cognitiva, de aprendizagem significativa e mecânica, o princípio de partir
  sempre daquilo que o aluno já sabe e o uso dos organizadores prévios (subsunçores).
  Faria (1989) propõe uma sequência de sete etapas no planejamento de um curso ou 
  disciplina:
a) Seleção dos resultados de aprendizagem: trata-se de fazer uma lista de resultados de aprendizagem pretendidos, privilegiando aqueles ligados aos conceitos mais importantes da disciplina e do curso que o aluno está fazendo. Devem ser selecionados também os conceitos mais específicos, relacionados aos mais amplos já escolhidos, até um dado nível de profundidade que seja adequado aos alunos.
b) Organização sequencial do conteúdo curricular: agora é o momento de organizar os itens curriculares selecionados na etapa anterior, de modo que os mais inclusivos sejam trabalhados antes dos mais específicos, para os quais servirão de suporte.
c) Reconciliação integrativa: consiste na aplicação deste prin­cípio (tornar claras as semelhanças e diferenças entre ideias, quando estas são encontradas em vários contextos) ao material e às aulas que serão preparados.
d) Verificação dos pré-requisitos: agora o professor precisa deter­minar quais serão os pré-requisitos necessários aos alunos para que efetuem a aprendizagem significativa deste novo material. Para esta verificação, pode ser usado um pré-teste ou teste de diagnóstico, aplicado à turma.
e) Avaliação da aprendizagem: a avaliação terá outra finalidade, além de analisar quanto os alunos conseguiram aprender sig­nificativamente do que foi ensinado. Esta nova finalidade é a de medir a posse e a estabilidade dos conceitos subsunçores que serão necessários para se trabalhar os novos conteúdos do curso e que não foram trabalhados nesta disciplina.
g) Estratégias e recursos instrucionais para a promoção da apren­dizagem significativa: estão relacionadas com o uso de variados materiais instrucionais e à apresentação de aulas expositivas. Em ambos os casos, o professor deve levar em conta os princípios da diferenciação progressiva e da reconciliação integrativa; o trabalho dos conteúdos de acordo com o que o aluno sabe e de forma significativa para ele (linguagem, metodologia, exemplos relacionados à sua realidade); e o cuidado com fatores relativos à manutenção da atenção do aluno e à habilidade do professor em se comunicar bem.


Encerrando a nossa aula

O esquema que apresentamos agora pretende fazer uma síntese dos conceitos de Ausubel
envolvidos no processo de aprendizagem e da maneira como eles se articulam.




   Ainda ilustrando e sintetizando o conteúdo da aula sugerimos dois vídeos cujos links 
   
    apresentamos a seguir.


Referências bibliográficas
AUSUBEL, David Paul, NOVAK, Joseph e HANESIAN, Helen. Psicologia educacional. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980.

_____. Educational Psychology: A Cognitive View. New York: Holt, Rinehart & Winston, 1978.

FARIA, W. de. Aprendizagem e planejamento de ensino. São Paulo: Ática, 1989.

MORAES, Rony M. A teoria da aprendizagem significativa – tas. Disponível em http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=1182.

MOREIRA, M. A. e MASINI, E. Aprendizagem Significativa - A teoria de David Ausubel. São Paulo: Editora Moraes, 1982.



3 comentários:

  1. Prof. Eloiza, por favor, envie a lista dos alunos para que eu possa procurar os colegas para fazer o grupo. Grata, Neide Suemi.

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  2. Neide,
    Vou cuidar disso amanhã pela manhã.

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  3. Neide, se quiser faz no meu grupo...
    Aline , Andreza, Amanda e Daniel da turma 03.

    Beijos
    Aline Silva dos Santos

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