domingo, 26 de maio de 2013


SEMANA DE 27 A 31/05

TÓPICO 6

Bruner, a constituição da mente e a construção de significados


Olá, querido aluno, esta semana vamos estudar juntos o quarto teórico da aprendizagem previsto na ementa desta disciplina: Jerome Seymour Bruner. Ele afirmava que qualquer assunto pode ser ensinado com eficiência, a qualquer pessoa, em qualquer estágio de desenvolvimento.
ENSINAR = apresentar a estrutura do conteúdo, de acordo com a etapa de desenvolvimento de quem aprende.


Um pouco da biografia do teórico




Jerome Brunet nasceu em 1915 em Nova York, formou-se em psicologia pela Universidade de Duke, em 1937, e posteriormente em 1941 em Harvard.
Em 1950 trabalhou em Harvard como professor no Departamento de Relações sociais, onde com outros profissionais formou um grupo de estudo interdisciplinar das ciências sociais. Logo, após criou um centro de estudo cognitivo. Por esse motivo muitos o consideram “pai da psicologia cognitiva.
Desafiou o paradigma do behaviorismo de Skinner criticando os postulados que focavam apenas nos fenômenos observáveis e a aprendizagem por condicionamento.




Desenvolveu a teoria da estrutura cognitiva (esquemas e modelos mentais) e acredita que o processo de aprendizagem ocorre internamente.
Bruner pesquisou o trabalho de sala de aula, pesquisou o desenvolvimento infantil e escreveu importantes trabalhos sobre educação. Tornou-se muito conhecido no âmbito da Pedagogia por sua participação no movimento de reforma curricular nossa Estados Unidos que veio a ser conhecido como Revolução Cognitiva, na década de 1960.
Membro da academia Americana de Artes e Ciências vive em Nova York, proferindo palestras por alguns estados dos Estados Unidos, e pesquisa uma nova teoria de aprendizagem na qual deve existir uma interação entre teoria e realidade.
Você pode complementar essa biografia assistindo o vídeo disponível em




Alguns conceitos importantes do teórico
1.   Aprendizagem por descoberta
Jerome Bruner preocupava-se em promover a participação ativa do aluno no processo de aprendizagem, enfatizando a "aprendizagem por descoberta". Destaca a exploração de alternativas que o ambiente ou conteúdo de ensino deve proporcionar, para que o aluno possa inferir relações e estabelecer similaridades entre as ideias apresentadas, favorecendo a descoberta de princípios ou relações.
Em sua teoria de Bruner leva em consideração a curiosidade do aluno e o papel do professor como instigador da mesma, sendo denominada teoria (ou método) da descoberta.



Sobre essa forma de aprendizagem disse Bruner, exemplificando com uma situação de sala de aula:
"O conceito de números primos parece ser mais prontamente compreendido quando a criança, através da construção, descobre que certos punhados de feijões não podem ser espalhados em linhas e colunas completas. Tais quantidades têm que ser colocadas em uma fila única ou em um modelo incompleto de linha-coluna no qual existe sempre um a mais, ou alguns a menos, para preencher o padrão. Estes padrões, que as crianças aprendem, são chamados de primos. É fácil para a criança ir desta etapa para o reconhecimento de que uma denominada tabela múltipla é uma folha-registro das quantidades em várias colunas e linhas completadas. Aqui está a fatoração, multiplicação e primos, em uma construção que pode ser visualizada." (BRUNER, 1973, p. 197).

2.   Estágios de representação do mundo pelo indivíduo

Seu enfoque do desenvolvimento considera que a criança, em diferentes etapas da vida, representa o mundo com o qual interage segundo três estágios:
a)      Enativo (motor) - a criança representa o mundo (e os objetos) apenas pela ação que exerce sobre eles, através de movimentos, de respostas motoras.


a)      Icônico - já consegue representar mentalmente os objetos que a cercam, através da organização visual, percepção do ambiente e formação de modelos.


a)      Simbólico - utiliza símbolos, sem necessidade de imagens ou ação.



Esses modelos de realidade desenvolvem-se em função da informação proveniente do meio e da superação que o sujeito vai alcançando em relação e eles, graças à sua atividade pessoal.
3.   Currículo em espiral
Na área do ensino e da aprendizagem propõe que o currículo seja organizado em espiral, para que o aluno veja o mesmo tópico em diferentes níveis de profundidade e modos de representação.
Esquematicamente ele pode ser apresentado assim:






Exemplificando, temos:
Na construção do conceito de ferrugem, temos no estágio dos “lugares às coisas” a experiência concreta da criança com o objeto prego.


No estágio das “coisas às coisas essenciais” o conceito de que o prego é feito de ferro e a exposição do mesmo ao frio, água, ar, escuro. No estágio da “prova científica das coisas essenciais” a observação da formação da ferrugem e dos seus efeitos sobre o prego. A partir daí é fácil chegar à generalização do conceito.



4.   Quatro características do ensino
  • Œ    Deve apontar experiências que desenvolvam a predisposição para a aprendizagem (motivação).
  •         Deve especificar uma “estrutura ótima” de conhecimento.
  • Ž        Deve estabelecer a sequência mais eficiente para apresentar os conteúdos.
  •         Deve definir uma estrutura de reforços.


Compare as duas situações abaixo e reflita sobre a aprendizagem por descoberta e sobre as quatro características fundamentais do ensino, de que Bruner fala:

SITUAÇÃO 1



SITUAÇÃO 2



“A pedagogia moderna está partindo cada vez mais em direção à visão de que a criança deveria estar ciente de seus próprios processos de pensamento e que é essencial, tanto para o teórico da pedagogia, quanto o professor, ajudá-la a tornar-se mais cognitiva – a estar tão ciente de como realiza sua aprendizagem e pensamento quanto da matéria que está estudando. Atingir habilidade e acumular conhecimento não basta. Pode-se ajudar o aluno a atingir o domínio total ao refletir também sobre como ele está realizando seu trabalho e de que forma sua abordagem pode ser melhorada. Equipá-lo com uma boa teoria da mente – ou com uma teoria do funcionamento mental – constitui uma parte de ajudá-lo a fazê-lo”. (BRUNER, 2002, p. 68).

5.   O conceito de mediação em Bruner





Bruner não enunciou um conceito de mediação, mas ele pode ser claramente percebido na sua obra. Escolhemos três indicativos do que acabamos de dizer:

1º) O autor atribui ênfase à linguagem, em todas as suas formas, como o principal meio de representação simbólica da realidade e, consequentemente, de mediação. O homem constrói o conceito que adquire do mundo através dos "símbolos linguísticos" (palavras) aos quais, gradualmente, vai atribuindo significados ao nível subjetivo e consensual.




2º) A prática docente  também pode ser apontada como fundamental mediação na aprendizagem. Bruner valoriza o ato de ensinar e afirma que os mesmos conteúdos (o relevante na matéria de ensino, sua estrutura, ideias e relações fundamentais) devem ser ensinados periodicamente, através do currículo em espiral, avançando na construção do conhecimento, aperfeiçoando as representações mentais de quem aprende.

O professor é um mediador no processo de aprendizagem, permitindo aos alunos a descoberta dos conteúdos a serem abordados, sendo uma fonte motivadora dessa mesma procura. A teoria indutiva de Bruner leva a que o aluno identifique o problema, formule e teste hipóteses. Este tipo de instrução permite desenvolver a cognição, assim como a intuição, a imaginação e criatividade.



3º) Cada uma das etapas de representação do mundo (motora, icônica e simbólica) requer formas de diferentes de mediação da aprendizagem.
Na primeira (motora) a repetição dos movimentos com o objetivo de memorização, os gestos e as ações através do movimento são muito eficazes para recordar acontecimentos. Para as crianças menores a ação é a melhor forma de comunicação, elas preferem mostrar como se faz a dizer como fazer.
Na segunda etapa (icônica) a criança esta em um estágio operacional do pensamento e sua capacidade de reprodução de imagens já esta desenvolvida. Ela pode desenhar sem ter que ver o objeto antes, já consegue demonstrar um objeto através do desenho. Tem fixação de imagens e memória visual concretas e bem definidas.
Na última etapa (simbólica) consegue utilizar símbolos com certa ordem, ver a realidade de forma correta e passar essa informação. Também pode transformar essa realidade através da elaboração de uma nova realidade, traduzindo suas experiências de forma coerente. 

Encerrando a nossa aula
Esperamos que você tenha gostado da aula de hoje e aprendido alguns conceitos da teoria de

Apresentamos alguns livros importantes do autor traduzidos para o português, cuja leitura sugerimos aos que se interessaram pelo assunto:







Referências bibliográficas
BRUNER, J. Going Beyond the Information Given. New York: Norton, 1973.
BRUNER, J. O Processo da Educação. São Paulo: Nacional, 1973.
BRUNER, J. Uma nova Teoria da Aprendizagem. Rio de Janeiro: Bloch, 1976.
BRUNER, J. A Cultura da Educação. Porto Alegre: Artmed, 2001.





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